Título: Quem é você, Alasca? — O Primeiro Amigo, a Primeira Garota, as Últimas Palavras
Autor: John Green
Editora: WMF Martins Fontes
Número de páginas: 229
Intelectual, fascinado em últimas palavras e biografias, Miles Halteré o típico adolescente tímido-de-poucos-amigos. Bem, eu sei as últimas palavras de um monte de gente. Era meu prazer secreto, colecionar últimas palavras. Havia quem comesse chocolate. Eu lia esse tipo de coisa. (página 11) Em busca do que seria um ‘Grande Talvez’ em sua vida, Miles começa estudar num colégio interno em Culver Creek, onde conhece Chip Martin (ou Coronel, seu colega de quarto), Takumi e Alasca Young. “Então, esse cara”, eu disse, parado junto à porta da sala. “François Rabelais. Era poeta. Suas últimas palavras foram: ‘Saio em busca de um Grande Talvez’. É por isso que estou indo embora. Para não ter de esperar a morte para procurar o Grande Talvez”. (página 5)
Entre eles (Coronel, Takumi e Alasca), Miles ganha o apelido de Gordo, e junto de seus novos amigos, coisa que ele nunca teve começa a viver situações totalmente novas (e um tanto inconsequentes) — Ao que parece, eles estão quase o tempo todo quebrando as regras rigidamente seguidas pelo diretor (Águia). Pouco a pouco, Miles (ou Gordo) vai conhecendo a enigmática Alasca, fascinado pela personalidade tão forte e única da garota. “Chega, Gordo”, disse o Coronel quando me afastei do cartaz. Não estava completamente nivelado, mas estava bom. “Chega de falar na Alasca. Pelas minhas contas, há noventa e duas garotas na escola, e todas são menos malucas o que a Alasca. Além disso, ela tem namorado.” (página 22)
Miles (Gordo), o tímido-correto-inocente, se vê sujeito a um mar de emoções e encantamento que é a Alasca: quase um mistério a sete chaves. Eu meu virei para o outro lado e puxei o edredom sobre a cabeça. Não sabia se podia confiar nela e já estava cansado de sua imprevisibilidade – fria num dia, meiga no outro. Eu preferia o Coronel: pelo menos, quando ele ficava mal-humorado, ele tinha um motivo. (página 77) Com ela, Miles aprende muito sobre a vida e ganha novas perspectivas, novos olhares e horizontes... Ela me ensinou tudo o que eu sabia sobre lagostins, beijos, vinho tinto e poesia. Ela me mudou. (página 176) Pois ela tinha personificado o Grande Talvez - tinha me mostrado que valia a pena deixar a minha vidinha e sair em busca de talvezes maiores (...) (página 177)
Confesso que esperava um pouco mais de ‘Quem é você, Alasca?’ (talvez por ouvir falar muuito do livro). Porém, continuo apaixonada pela escrita do John Green (como não amar?!) e suas reflexões no desenrolar da história, sempre muito realísticas e interessantes (do tipo, vamos parar para analisar isto ou aquilo na minha própria vida ou experiências). Passamos a vida inteira no labirinto, perdidos, pensando em como um dia conseguiremos escapar e em quanto será legal. Imaginar esse futuro é o que nos impulsiona para a frente, mas nunca fazemos nada. Simplesmente usamos o futuro para escapar do presente. (página 56) O autor, em narrativa fácil e gostosa, fala sobre esperança, dor, questões religiosas, conduta, tempo e atitudes. Chega uma hora em que é preciso arrancar o Band-Aid. Dói, mas pelo menos acaba de uma vez e ficamos aliviados. (página 7)
Terminei a leitura me perguntando quem era a tal Alasca porque, apesar das falas, das características e do envolvimento com o livro, ela é misteriosa demais para ser ‘desvendada’ assim, tão facilmente. Aliás, esta personagem (com certeza) ‘faz’ o livro. É autêntica, é interessante, é enigmática. O que eu senti, depois de o desfecho, foi um desconhecimento. Como se ainda houvesse muito mais para saber sobre a Alasca (e foi mais ou menos o que Miles - Gordo - sentia também...). Eu ainda não a conhecia como desejava e acho que jamais a conheceria. (página 217)‘Quem é você, Alasca?’ é isto: um estudo de quem somos mas, basicamente, de quem o outro é - suas manias, atitudes, suas razões por ser ou agir desta ou daquela forma.♥
Ficaram curiosos para conhecer a Alasca? Já ouviram falar deste livro?
Então, voltei para o meu quarto e desabei no beliche debaixo, pensando que, se as pessoas fossem chuva, eu era a garoa e ela, um furacão. (John Green, trecho do livro ‘Quem é você, Alasca?’, página 91)